Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos.
Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem.
O homem não é nada mais do que aquilo que faz a si próprio.
O desejo exprime-se por uma carícia, tal como o pensamento pela linguagem.
Não fazemos aquilo que queremos e, no entanto, somos responsáveis por aquilo que somos.
Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem.
A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.
Ainda que fôssemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de ação.
Nunca julgamos aqueles a quem amamos.
Eu era uma criança, esse monstro que os adultos fabricam com as suas mágoas.
Nunca se é homem enquanto se não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer.
Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.
Não há necessidade de grelhas, o inferno são os outros.
Cada homem deve inventar o seu caminho.
Ser-se livre não é fazermos aquilo que queremos, mas querer-se aquilo que se pode.
O homem não é a soma do que tem, mas a totalidade do que ainda não tem, do que poderia ter.
Ser homem é tender a ser Deus; ou, se preferirmos, o homem é fundamentalmente o desejo de ser Deus.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
sexta-feira, 3 de julho de 2009
"O senhor... Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam."
"Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso..."
"Uma tristeza que até alegra..."
"Eu atravesso as coisas e no meio da travessia não vejo!"
Guimarães Rosa
"Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso..."
"Uma tristeza que até alegra..."
"Eu atravesso as coisas e no meio da travessia não vejo!"
Guimarães Rosa
quinta-feira, 2 de julho de 2009
"A vida não tem que ser entendida."
"Viver é um negócio muito perigoso."
"Sou só um sertanejo, nessas altas idéias navego mal."
"Bebo água de todo rio."
"Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar."
"Esses homens! Todos puxando o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um so vê e entende as coisas dum seu modo."
"Deus é paciência. O contrário, é o diabo."
Guimarães Rosa
"Viver é um negócio muito perigoso."
"Sou só um sertanejo, nessas altas idéias navego mal."
"Bebo água de todo rio."
"Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar."
"Esses homens! Todos puxando o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um so vê e entende as coisas dum seu modo."
"Deus é paciência. O contrário, é o diabo."
Guimarães Rosa
quinta-feira, 26 de março de 2009
Tecendo a Manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Melo Neto
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Melo Neto
Andorinha
Andorinha lá fora está dizendo:
— "Passei o dia à toa, à toa!"
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa . . .
Manuel Bandeira
— "Passei o dia à toa, à toa!"
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa . . .
Manuel Bandeira
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
A Língua Lambe
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos
Carlos Drummond de Andrade
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos
Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Tempo
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças
E ao semblante a graça.
Tomás Antonio Gonzaga
O estrago de roubar ao corpo as forças
E ao semblante a graça.
Tomás Antonio Gonzaga
Haicai
Mocidade
Do beiral da casa
(ó telhas novas, vermelhas)
vai-se embora uma asa.
Filosofia
Lutar? Para quê?
De que vive a rosa? Em que
pensa? Faz o quê?
Guilherme de Almeida
Do beiral da casa
(ó telhas novas, vermelhas)
vai-se embora uma asa.
Filosofia
Lutar? Para quê?
De que vive a rosa? Em que
pensa? Faz o quê?
Guilherme de Almeida
O Lutador
Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos.
Mal rompe a manhã
[...]
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate
[...]
O ciclo do dia
ora se consuma
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.
Carlos Drummond de Andrade
é a luta mais vã.
Entanto lutamos.
Mal rompe a manhã
[...]
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate
[...]
O ciclo do dia
ora se consuma
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.
Carlos Drummond de Andrade
Explicação de poesia sem ninguém pedir
Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
Mal atravessa a noite, a madrugada, o dia
Atravessa minha vida,
Virou só sentimento.
Adélia Prado
Mal atravessa a noite, a madrugada, o dia
Atravessa minha vida,
Virou só sentimento.
Adélia Prado
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
3 de Maio
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi.
Oswald de Andrade
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi.
Oswald de Andrade
Vale a pena
Eu sei que a vida vale a pena
Mesmo que o pão seja caro
E a liberdade, pequena.
Ferreira Gullar
Mesmo que o pão seja caro
E a liberdade, pequena.
Ferreira Gullar
domingo, 18 de janeiro de 2009
Mas há a vida
Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.
Clarice Lispector
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.
Clarice Lispector
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Meu Deus, me dê a coragem
Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.
Clarice Lispector
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.
Clarice Lispector
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